26.8.12

o amor

 "I knew, you would do me good, in some way, at some time;- I saw it in your eyes when I first beheld you: their expression and smile did not- (again he stopped)- did not (he proceeded hastily) strike delight to my very inmost heart so for nothing." - Charlotte Brontë, Jane Eyre


não preciso dar explicação nem fazer sentido. a verdade é que você se foi e eu fiquei. e eu achei que ia superar e até cheguei a contar por aí que superei. mas agora todo mundo já sabe, meus amigos, minha família e até estranhos. porque o que eu sinto é tão forte e intenso que eu não tenho como guardar. não tenho como ser ajuizada e não espalhar a nossa história por aí. é verdade que, às vezes, eu transformo ela em algo palpável e coerente para que os outros não me julguem, porque eu não quero ser julgada no amor que tenho por você. eu amo e pronto. 

eu já amei assim antes, e em circunstâncias totalmente diferentes, já chorei, gritei e por vezes vim aqui escrever a minha dor. quando a dor aperta desse jeito, essa dor de amor me dá a certeza de que estou rendida ao coração, as veias e a alma de outra pessoa e é o que faz o meu mundo girar.

acho que eu me identifico com todas estas criaturas de romances históricos: Eliza, Emma, Jane, porque todas elas sofrem em silêncio o seu amor. conformadas e resolutas de que não podem, elas simplesmente amam e pronto.

aprendi a ser assim também ao longo dos anos. meu objeto de afeição nunca está ao meu alcance e por ele eu escrevo, e leio, e ouço canções, e suspiro e vejo luz em dias cinzas e escuridão em dias azuis. é o meu absinto.

agora eu sei que tudo isso é um sonho, uma esquizofrenia da minha parte. mas amo. e as pessoas em minha volta começam a aceitar isso. que eu estou comprometida com o meu sentimento e que não quero  ter a obrigação de encontrar alguém para colocar no seu lugar. deixa você viver aqui dentro de mim.

guardo as poucas lembranças na minha caixinha de memória. mais uma vez, as lembranças não são palpáveis. guardo o seu sorriso e o seu olhar de manhã quando acordava. guardo as suas palavras "isso não é uma despedida, não vou me despedir de você porque vamos nos ver de novo". guardo sem nem saber se é verdade ou não. guardo sua voz e risada. e as suas demonstrações de carinho quando acho que seis meses depois tudo já está perdido. sim, aquele vídeo com voz abafada que eu já assisti milhões de vezes e chorei. chorei na frente do computador porque você lembrou de mim, lembrou da gente e da música seis meses depois.

queria poder gritar pro mundo isso. por que amar é algo que incomoda as pessoas? não sei, mas incomoda. então amo baixinho, no sussurro e nos suspiros da madrugada quando a sua ausência é quase como um fantasma no meu quarto.