29.8.08

Oráculo

"A infelicidade realmente significava algo naquela época. Agora é só um saco, como ficar resfriado ou não ter dinheiro."

Um trecho do livro Alta Fidelidade que por acaso, peguei para reler hoje. Nick Hornby é um guru espiritual, vai dizer.

27.8.08

Hippie

Tá tudo uma correria só. A faculdade está cada vez mais interessante, acho que definitivamente me encontrei. Vou poder finalmente realizar um estudo profundo sobre cultura afro-brasileira, minha paixão. Em breve temos uma viagem pra São Paulo, pra conhecer os museus. Essa semana ainda irei na exposição da Clarice Lispector no CCBB. Tem o festival da Embaixada Pernambuco, outra paixão que tenho, em Santa Tereza. Depois ainda tem Across The Universe com a melhor amiga. Correria, pouca grana, mas momentos realmente bons. Apesar de tudo, toda essa agitação me causa angústia e tem horas que me dá vontade de gritar. Preciso fugir pro meio do mato de tempo em tempo pra não surtar com esse caos da cidade. Ficar só na rede tentando em vão tocar violão, ouvindo meus vinis do Gilberto Gil e ajudando a cuidar da horta do meu pai. Escutar o som da chuva e dormir. É disso que eu preciso, e é isso mesmo que vou fazer. Não aguento essa loucura por muito tempo.

Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado.
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.
Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo.
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo.
(Gilberto Gil - Lamento Sertanejo)

4.8.08

Resumo

Pra não passar em branco. Nesse meio tempo eu só assisti dois shows, ambos na Lapa. Nação Zumbi, que aliás, foi O Show. Daqueles que você volta pra casa no dia seguinte e não sabe como chegou viva, lembra apenas de flashes, mas sabe que foi muito, muito foda.
Assisti também ao show da Elba Ramalho e Raiz do Sana. Essa é a parte que todo mundo dá risada, afinal, desde quando eu frequento shows de forró, não é mesmo? Mas frequento agora. Aliás, frequento tudo quanto é forró ultimamente, descobri que é muito bonito. Mas calma que me refiro a Luis Gonzaga, Alceu Valença, Zé Ramalho (estou viciada no Zé). Música de verdade e não essas coisas esquisitas que tocam na feira de São Cristovão!

Livros, eu não li nenhum! Final de semestre, mudança de faculdade, mal dava conta dos que tinha que ler. Pra não dizer que não li nada, li alguns trechos de Sartre. Porque eu ando muito envolvida nessa filosofia existencialista. Principalmente depois que bebo. Vai entender.

Atualmente eu tomei vergonha na cara e estou lendo Into The Wild do Jon Krakauer. Livro que deu origem ao filme que possui o mesmo nome (traduzido para Na Natureza Selvagem em português) e que me deu um verdadeiro soco no estômago. O Chris, personagem principal do filme, é um jovem que tinha tudo para ter um futuro promissor, dentro do que a sociedade define como promissor. Só que ele queria muita mais, ele queria viver e não somente existir. E ele, apesar de ter morrido tão jovem devido ao próprio idealismo, ele viveu. Viveu muito mais do que muita gente por aí. Quanto mais eu leio e vejo filmes assim, mas eu tenho certeza de que também não vim nessa vida para trabalhar, casar e ter filhos. Ainda que meus planos sejam dignos de deixar qualquer pai de cabelo em pé, eu acho que não posso negar o que eu sinto. E o que eu sinto é uma necessidade enorme de liberdade, de experimentar, de errar e aprender. Que uma vida correta jamais me daria.
Acho que estou falando demais sobre mim e de menos sobre o filme. O caso é o que o filme é inspirador, é baseado numa história verídica e a trilha sonora é toda composta pelo Eddie Vedder, o que quer dizer que o filme é maravilhoso.
Quando eu lembrar, escrevo mais!

Recomeçar

Muita coisa aconteceu desde a última vez que postei aqui. Coisas boas e ruins. Mais boas do que ruins, eu diria. Nesse meio tempo eu mudei de curso e dentro de uma semana começo o meu novo curso, o de Produção Cultural. Muita gente me pergunta o que diabos um produtor cultural faz e quando eu explico as pessoas dizem que também querem fazer o curso. Eu não tinha pensado antes, porque eu tinha acabado de terminar o colégio e meio que tinha a obrigação de passar no vestibular (mesmo que eu não tivesse estudado nada e só vivesse enchendo a cara). Então eu optei por Letras porque inglês sempre foi a minha praia junto com literatura. Lá, porém, eu descobri que não era realmente isso o que eu queria e começou um dilema interno de o que fazer com a porra da minha vida. Eu raramente terminei algo que comecei e com a faculdade eu não podia vacilar. Mas vacilei e cá estou eu no meu novo curso. Eu espero que dessa vez eu tenha acertado. Eu preciso acertar, porque as minhas chances e a paciência do meu pai estão acabando. Mas acho que um curso sobre artes (música, teatro, dança, literatura) jamais me desagradaria. Ainda mais estudando na UFF.

Nesse meio tempo, porém, me apaguei muito ao pessoal da UERJ. Viajei nas férias com os meus amigos de lá e posso dizer que foi uma viagem que vou guardar pra sempre. Não pela viagem em si, mas por tudo que vivemos. Sete dias seguidos juntos. Teve briga, choro, tapa, alegrias e risadas. Muitas risadas. Só não teve ressaca porque todo mundo bebe que nem macho e ressaca é coisa de calouro!


O fator que mais marcou estes últimos dois meses e o principal responsável pela transformação radical na minha pessoa, porém, foi alguém que apareceu na minha vida de repente. Entrou e bagunçou ela toda, perdi o chão e acho que a consciência. Mas não vejo isso como algo ruim. Acho que foi uma experiência muito válida que me fez amadurecer em dois meses o que eu não amadureci em anos. Aprendi a tolerar mais as diferenças. Aprendi que posso amar sem sentir ciúmes, que nós podemos amar outra pessoa sem querer algo em troca, sem gerar grandes expectativas. O que essa pessoa me ensinou eu não poderia escrever aqui. Mas acho que ela sabe o quão importante foi e mesmo que agora reste apenas as lembranças, eu não fico triste. Porque eu sei que o que vale não é duração, mas a intensidade do momento. E agora levo uma lição para a vida e um carinho por você que me nego a tirar de dentro de mim. O amor é isso, ele é livre. Ele chega e simplesmente acontece e depois da mesma forma que chega ele se vai, sem que com isso a gente tenha que se sentir triste. Pelo contrário, eu fico feliz só de imaginar o que essa vida me reserva, neste novo capítulo que se inicia.