12.12.08

Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony


Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.


Santiago do Chile, abril de 1964

24.10.08

Nossa história é poesia de Pablo Neruda

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

21.10.08

Esperanza Spalding


Tô apaixonada por essa mulher, ela não é só linda, mas também MUITO talentosa. Uma pena que nao a verei no TIM Festival.

Aqui o vídeo da novaiorquinha mais cool do momento cantando Ponta de Areia (sim, ela ainda canta em português!)



4.10.08

Implicante

Só eu achei o clipe novo da Mallu Magalhães de extremo mau gosto?




Só eu acho que ela deixou de ser fófis tem tempo e agora essa fofice dela tem um quê de retardadinha?

Só eu acho que o namorado dela é HORROROSO?

Então tá, pode me chamar de implicante.

27.9.08

um dia em minha vida


Na quinta-feira finalmente fui ver a tão comentada exposição sobre a escritora Clarice Lispector. Cheguei cedo e comecei a ver a exposição logo que o CCBB abriu. Assim, pude com calma ver todas as zilhões de gavetas da foto acima (calma, a maioria não abria, mas mesmo assim eram muitas) e assim remexer nas cartas que a própria Clarice escreveu para o seu filho, quando ele estava em intercâmbio. Fotos pessoais, cartas de outros escritores ilustres como Drummond ou Caio Fernando Abreu. Estava tudo ali. E eu me sentia como se estivesse invadindo a intimidade da escritora mexendo em todas aquelas gavetas.
Fora isto, a exposição era bem curta. Havia um filme com duração de 12 minutos, feito algum tempo antes dela morrer. O vídeo é de uma intensidade absurda. Ela fuma, fala pausadamente e em determinado momento do vídeo diz “eu estou morta”, com uma seriedade tão grande que eu senti um pouco da dor que ela estava sentindo. Não era uma dor física, era uma dor na alma.

Depois da exposição passei ainda na Igreja da Candelária, é incrível ver que as pessoas passam correndo por ela, no caos que é o centro do Rio e ela ali, linda, majestosa e silenciosa por dentro. Não me considero religiosa, mas quando entro em uma igreja tão bela sempre sinto meus olhos encherem d’água. Não sei bem o motivo.

Quando eu estava feliz e satisfeita em casa, meu amigo Yure me avisa que possui convites para o show do Mombojó no Teatro Rival e se eu não estaria interessada em ir. Não precisa nem dizer, né? Era só o começo de uma noite que ficaria na memória de todos que ali estavam.
O teatro é pequeno e o show começou cedo, às dez horas da noite. O detalhe ficou por conta do público. Éramos poucos. Parecia que só estavam ali os verdadeiros fãs do grupo e de fato, a banda percebeu e fez um show memorável para quem lá estava. Sem frescuras, Felipe não só estava totalmente à vontade, como foi para o meio do público, brincou, puxou a rodinha, subiu em cima das mesas e terminou o show ajoelhado com o pequeno público em volta cantando Deixe-se Acreditar juntos numa sintonia de fazer inveja. Estávamos todos entorpecidos por algo que não sei dizer o que era, mas desconfio que seja felicidade.


foto: Felipe em volta dos fãs durante o show

26.9.08

Um pouquinho mais de arte

Pinturas de Rafal Olbinski (clique para ampliar).





Arte

Minha aula de Arte me rendeu um vício. Agora, quando não tenho nada pra fazer, fico visitando sites de artes e descobrindo novos artistas. A artista da vez é a Puce. Não consegui obter muitas informações sobre, só descobri em um site francês que nasceu em 1926 e foi esposa de Christian Schneider, que eu não sei quem é na noite. De qualquer forma, não importa. Os quadros são serenos e agradáveis de se ver. Fiquei encantada.




21.9.08

Anota aí

Apesar de no post abaixo eu ter criticado as bandas atuais, alguma coisa me levou a buscar novidades, talvez uma esperança interna de que alguma banda me fizesse mudar de opinião e escrever um post super animado. A pesquisa me rendeu algumas boas descobertas que vou dividir em posts de três bandas cada. A primeira é uma experiência indie-eletrônica chamada Late of The Pier. O quarteto de Nottingham (Inglaterra), criou uma experiência musical que é no mínimo interessante. Em seu primeiro cd, o "Fantasy Black Channel", os meninos vão buscar inspiração nos anos 80. Assista abaixo o clipe de Space & The Woods, que por sinal esbanja criatividade.



Agora, três meninas bonitas que tinham tudo para serem modelos (se é que não são), Au Revoir Simone na verdade não é novidade e eu já baixei tem um tempinho. Ouvi a primeira faixa, achei marromenos e deixei pra lá. Hoje, escutei de novo e gostei bastante. Muito agradável para ouvir em tardes felizes.


A próxima e última dica (ao menos deste post), é um cantor-compositor inglês ainda pouco conhecido por aqui chamado Jack Penãte. Eu geralmente sou meio desconfiada de músicas no estilo ska, mas do trabalho do Jack eu gostei bastante. Assista ao vídeo de "Torn On The Platform".

19.9.08

Do contra

Posso ser sincera? Acho que o indie morreu pra mim. O indie parou ali na Cat Power e no Wilco, apesar de achar que o Wilco está acima de qualquer classificação de gênero musical. De resto, nadamaismelembro. Não tenho mais paciência para escutar a melhor banda de todos os tempos da última semana. Lê o Lúcio Ribeiro se tornou insuportável, a NME não faz sentido, todas as bandas from uk com seus cabelos moderninhos me causam ojeriza. Cansei. Onde não consigo enxergar um mínimo de sentimento, de intensa relação com a música, eu não consigo apreciar o som, no máximo, acho legalzinho.


Antes de continuar, permita-me explicar o que exatamente quero dizer com "legalzinho". Legalzinho, é aquela banda que o Marcelo Costa chamaria de banda coxinha. É bom, é gostosinha, mas não tem nada demais.
E legalzinho é o som da banda Glasvegas, uma das poucas bandas recentes que me dispus a escutar dado ao número de críticas positivas. Lá fui eu, com toda a paciência do mundo ouvir o tal sucesso do momento. Ér. Como eu já esperava, não deu.

Pode ser que eu já tenha começado a escutar com uma espécie de preconceito ou super expectativa. Mas se alguém tem culpa nisto é o André Takeda. Eu adoro quase tudo que o André escreve e considera bom, mas por vezes acho que ele exagera. Não discuto que ele tem bom gosto musical, ele tem de sobra. Mas quando ele se empolga com alguma banda é notável a quantidade de confete que ele joga em cima. Glasvegas é só mais uma banda de Glasgow e that's it. De Glasgow eu ainda fico com o Belle and Sebastian.
Pode ser que em uma outra fase da minha vida eu aprecie e muito. Pode ser também que eu esteja errada e a banda venha a se consagrar como uma das mais importantes. Do futuro, eu nada sei. O que eu sei, é que por enquanto os únicos aspectos positivos da banda são as suas influências (toma-lhe Jesus and Mary Chain e The Smiths) e uma música chiclete chamada "flowers and footballs tops", que na minha opinião me lembra o Echo and the Bunnymen.

Não foi desta vez que salvaram o indie rock.

18.9.08

Tudo o que você queria ser

foto: o quarto dos homens e alguns dos futuros integrantes do Clube da Esquina

O Milton Nascimento sempre foi um grande músico na minha opinião, não que ele precise dela, pois bem antes de eu nascer ele já estava consagrado, mas o fato é que eu nunca dei muita idéia pra ele e suas músicas. Quando eu era criança, meu pai sempre colocava uma fitak7 dele e às vezes, eu percebia que ele se emocionava. Eu achava meio chato aquela voz tooooda profunda e cheia de sentimento, eu era pequena e preferia o disco da Xuxa.

Os anos foram passando e eu fui ficando cada vez mais parecida com o meu pai, não só fisicamente, mas no jeito, na teimosia e principalmente no gosto musical. Dividimos os cds agora e sem querer querendo, eu sempre acabo botando pra tocar alguma música que ele goste muito. E é assim com o Milton, ou melhor, o Bituca. Hoje em dia escutar o Clube da Esquina ou ainda o trabalho solo do Bituca me faz reviver não só a minha infância, como também momentos de uma época que eu não vivi. Ali tem sangue correndo, tem vida, aquela voz tem algo de transcendental.

Eu comecei a ficar meio obcecada pelo trabalho dele, admito. Uma coisa levou a outra e caiu em minhas mãos o livro Os Sonhos Não Envelhecem. O livro foi escrito pelo compositor (já que ele odeia ser chamado de letrista) Márcio Borges, irmão de Lô Borges que por sua vez cantou com Milton no Clube da Esquina. Devorei o livro, chorei e ri com as histórias daquela juventude mineira moradora do famoso Edifício Levy em Belo Horizonte. Entender o universo em que cada canção foi criada, o motivo ("Um girassol da cor do seu cabelo" foi composta por Márcio Borges quando pediu sua então namorada em casamento), a emoção da primeira vez em um palco, as aventuras movida a álcool em Três Pontas (bairro onde Bituca viveu durante anos), o clima de terror instaurado pela ditadura. Gonzaguinha emocionado, chorando no camarim, Lô Borges ainda adolescente com o The Beavers (grupo formado com seus outros 3 irmãos Beatlemaníacos). Cada detalhe, cada página era como se eu estivesse diante de uma oportunidade única de conhecer este universo, bebi as palavras. Não me considero fã, porque fã é chato e aceita qualquer coisa do artista. Eu sou apaixonada, eu diria, apaixonada pelo Bituca e por sua música tão verdadeira.

fotos do livro (clique para ampliar):



17.9.08

MOMBOJÓ NO RIO AGAAAAIIIIN

por 20 conto apenas!

morri.

16.9.08

hype hype hype

Preciso voltar a escrever, mas me bate uma preguiça.

Enquanto isso fiquem com a francesa moderninha chamada Yelle, que virá ao Brasil e fará uma apresentação no Clube Glória dia 30 de setembro em São Paulo.


Aproveitando a deixa, outro grupo na linha moderninhos descolados que se apresentará em breve (dia 26 de setembro) é a dupla também francesa Justice. Ficaram bem famosos através do CobraSnake (aliás, foi lá que a curiosidade bateu e procurei o trabalho dos caras). A notícia ruim é o preço: 80 paus a meia entrada no Circo Voador. Contudo, quem tiver dinheiro, pode ir que vale a pena.


15.9.08

tudoaomesmotempoagora

É o seguinte, muita coisa acontecendo. Muitos planos, falta de grana, mas principalmente, falta de organização. Quero participar de inúmeros projetos que a faculdade me proporciona, mas por ser desorganizada perco prazos, esqueço os dias de evento, bebo o dinheiro do cinema. E toda semana eu começo jurando que vou ajeitar a minha vida. Cara, eu preciso de um estágio, é muito sério isso. Não é pela grana, aceito ser estagiária sem renumeração, só queria saber como diabos funciona um set de filmagens, mesmo sabendo que como produtora deixariam a batata quente comigo tendo que me desdobrar pra fazer coisas que nunca fiz. Eu quero um estágio. Eu pre-ci-so de contatos. Estou morrendo com a possibilidades de coisas que posso fazer e não faço. Preciso ler mais revistas, ouvir mais, ver mais shows. É tanto coisa que eu não consigo desligar, estou elétrica Estou encantada com a minha futura profissão mesmo com todos os perrengues, apaixonada pela minha turma, meus veteranos, meu campus, tudo, absolutamente tudo que envolve esse mundo.

29.8.08

Oráculo

"A infelicidade realmente significava algo naquela época. Agora é só um saco, como ficar resfriado ou não ter dinheiro."

Um trecho do livro Alta Fidelidade que por acaso, peguei para reler hoje. Nick Hornby é um guru espiritual, vai dizer.

27.8.08

Hippie

Tá tudo uma correria só. A faculdade está cada vez mais interessante, acho que definitivamente me encontrei. Vou poder finalmente realizar um estudo profundo sobre cultura afro-brasileira, minha paixão. Em breve temos uma viagem pra São Paulo, pra conhecer os museus. Essa semana ainda irei na exposição da Clarice Lispector no CCBB. Tem o festival da Embaixada Pernambuco, outra paixão que tenho, em Santa Tereza. Depois ainda tem Across The Universe com a melhor amiga. Correria, pouca grana, mas momentos realmente bons. Apesar de tudo, toda essa agitação me causa angústia e tem horas que me dá vontade de gritar. Preciso fugir pro meio do mato de tempo em tempo pra não surtar com esse caos da cidade. Ficar só na rede tentando em vão tocar violão, ouvindo meus vinis do Gilberto Gil e ajudando a cuidar da horta do meu pai. Escutar o som da chuva e dormir. É disso que eu preciso, e é isso mesmo que vou fazer. Não aguento essa loucura por muito tempo.

Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado.
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.
Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo.
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo.
(Gilberto Gil - Lamento Sertanejo)

4.8.08

Resumo

Pra não passar em branco. Nesse meio tempo eu só assisti dois shows, ambos na Lapa. Nação Zumbi, que aliás, foi O Show. Daqueles que você volta pra casa no dia seguinte e não sabe como chegou viva, lembra apenas de flashes, mas sabe que foi muito, muito foda.
Assisti também ao show da Elba Ramalho e Raiz do Sana. Essa é a parte que todo mundo dá risada, afinal, desde quando eu frequento shows de forró, não é mesmo? Mas frequento agora. Aliás, frequento tudo quanto é forró ultimamente, descobri que é muito bonito. Mas calma que me refiro a Luis Gonzaga, Alceu Valença, Zé Ramalho (estou viciada no Zé). Música de verdade e não essas coisas esquisitas que tocam na feira de São Cristovão!

Livros, eu não li nenhum! Final de semestre, mudança de faculdade, mal dava conta dos que tinha que ler. Pra não dizer que não li nada, li alguns trechos de Sartre. Porque eu ando muito envolvida nessa filosofia existencialista. Principalmente depois que bebo. Vai entender.

Atualmente eu tomei vergonha na cara e estou lendo Into The Wild do Jon Krakauer. Livro que deu origem ao filme que possui o mesmo nome (traduzido para Na Natureza Selvagem em português) e que me deu um verdadeiro soco no estômago. O Chris, personagem principal do filme, é um jovem que tinha tudo para ter um futuro promissor, dentro do que a sociedade define como promissor. Só que ele queria muita mais, ele queria viver e não somente existir. E ele, apesar de ter morrido tão jovem devido ao próprio idealismo, ele viveu. Viveu muito mais do que muita gente por aí. Quanto mais eu leio e vejo filmes assim, mas eu tenho certeza de que também não vim nessa vida para trabalhar, casar e ter filhos. Ainda que meus planos sejam dignos de deixar qualquer pai de cabelo em pé, eu acho que não posso negar o que eu sinto. E o que eu sinto é uma necessidade enorme de liberdade, de experimentar, de errar e aprender. Que uma vida correta jamais me daria.
Acho que estou falando demais sobre mim e de menos sobre o filme. O caso é o que o filme é inspirador, é baseado numa história verídica e a trilha sonora é toda composta pelo Eddie Vedder, o que quer dizer que o filme é maravilhoso.
Quando eu lembrar, escrevo mais!

Recomeçar

Muita coisa aconteceu desde a última vez que postei aqui. Coisas boas e ruins. Mais boas do que ruins, eu diria. Nesse meio tempo eu mudei de curso e dentro de uma semana começo o meu novo curso, o de Produção Cultural. Muita gente me pergunta o que diabos um produtor cultural faz e quando eu explico as pessoas dizem que também querem fazer o curso. Eu não tinha pensado antes, porque eu tinha acabado de terminar o colégio e meio que tinha a obrigação de passar no vestibular (mesmo que eu não tivesse estudado nada e só vivesse enchendo a cara). Então eu optei por Letras porque inglês sempre foi a minha praia junto com literatura. Lá, porém, eu descobri que não era realmente isso o que eu queria e começou um dilema interno de o que fazer com a porra da minha vida. Eu raramente terminei algo que comecei e com a faculdade eu não podia vacilar. Mas vacilei e cá estou eu no meu novo curso. Eu espero que dessa vez eu tenha acertado. Eu preciso acertar, porque as minhas chances e a paciência do meu pai estão acabando. Mas acho que um curso sobre artes (música, teatro, dança, literatura) jamais me desagradaria. Ainda mais estudando na UFF.

Nesse meio tempo, porém, me apaguei muito ao pessoal da UERJ. Viajei nas férias com os meus amigos de lá e posso dizer que foi uma viagem que vou guardar pra sempre. Não pela viagem em si, mas por tudo que vivemos. Sete dias seguidos juntos. Teve briga, choro, tapa, alegrias e risadas. Muitas risadas. Só não teve ressaca porque todo mundo bebe que nem macho e ressaca é coisa de calouro!


O fator que mais marcou estes últimos dois meses e o principal responsável pela transformação radical na minha pessoa, porém, foi alguém que apareceu na minha vida de repente. Entrou e bagunçou ela toda, perdi o chão e acho que a consciência. Mas não vejo isso como algo ruim. Acho que foi uma experiência muito válida que me fez amadurecer em dois meses o que eu não amadureci em anos. Aprendi a tolerar mais as diferenças. Aprendi que posso amar sem sentir ciúmes, que nós podemos amar outra pessoa sem querer algo em troca, sem gerar grandes expectativas. O que essa pessoa me ensinou eu não poderia escrever aqui. Mas acho que ela sabe o quão importante foi e mesmo que agora reste apenas as lembranças, eu não fico triste. Porque eu sei que o que vale não é duração, mas a intensidade do momento. E agora levo uma lição para a vida e um carinho por você que me nego a tirar de dentro de mim. O amor é isso, ele é livre. Ele chega e simplesmente acontece e depois da mesma forma que chega ele se vai, sem que com isso a gente tenha que se sentir triste. Pelo contrário, eu fico feliz só de imaginar o que essa vida me reserva, neste novo capítulo que se inicia.

14.6.08

Hiato criativo.

7.6.08

Poemas para uma manhã de sábado

Você me pergunta, eu escuto;
Respondo que não posso responder... você tem que descobrir por si.

Senta um pouco, viajante,
Tem biscoitos pra comer e leite pra beber,
Mas assim que você dormir e relaxar em suas roupas frescas,
dou um beijo de despedida e abro o portão pra você partir.

Há muito tempo você tem tido sonhos vis,
Tiro ar emela de seus olhos,
Você precisa se acostumar com o brilho ofuscante da luz e de cada instante de sua vida.

Você ficou no raso muito tempo, na praia com uma prancha,
Agora quero você nadando com coragem,
Se atire no meio do mar, levante de novo, e acene pra mim,
grite e sacuda o cabelo com um sorriso nos lábios.


(Walt Whitman)
*

Folhas de Relva

Creio em ti, minha alma... o outro que sou não deve rebaixar-se diante de ti.
E tu não deves ser rebaixada diante do outro.
Fica à toa comigo na relva... solta esse nó da tua garganta.
Não quero palavras, música ou rima... nem hábitos nem sermões, nem mesmo o que há de melhor,
Amo apenas a quietude, o sussurro de tua voz modulada.
Recordo como nos deitamos em junho, numa manhã de verão tão transparente;
Repousaste a cabeça atravessada sobre meus quadris e suavemente te viraste sobre mim,
E abriste minha camisa no peito e mergulhaste tua língua em meu coração desnudado,
E continuaste até sentir minha barba, e continuaste até segurares meus pés.
Rapidamente ergueram-se e espalharam-se em torno de mim a paz, a alegria e o conhecimento que superam /toda arte e toda argumentação da terra;
E sei que a mão de Deus é ancestral de minha própria mão,
E sei que o espírito de Deus é irmão mais velho de meu próprio espírito,
E que todos os homens já nascidos são também meus irmãos... e as mulheres minhas irmãs e amantes,
E que uma nave da Criação é o amor;
E que sem limite estão as folhas firmes ou caídas nos campos,
E formigas castanhas nos pequenos vãos sob elas,
E o musgo se espalhando pelas cercas serpeantes, e as pedras empilhadas, e o sabugueiro, a erva dos /escrofulosos e a erva dos cancros.


(Walt Whitman)

27.5.08

Terça-feira

Ausência


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei… tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
- Vinícius de Moraes

canção dos olhos

Meu Deus, o que será que tem
Nesses olhos teus
O que será que tem
Pra me seduzir
Pra me escravizar
Não sei
E não saberei também
Como resistir
A seu modo de amar
Chico Buarque

NEXT!

Olha, tem um pessoal que precisa aprender a deixar de ser babaca. Não é sobre você que eu estou escrevendo. Aliás, não é nem mesmo sobre vocês. Respirem aliviados e cuidem de suas respectivas vidas.
A única pessoa que faz o meu mundo parar de girar mora aqui dentro do meu coração, dentro da minha alma e pelo o que parece vai ficar aqui um bom tempo. O resto é só o resto. Grata.

25.5.08

Let it bleed

Estou oca por dentro e só existe esta dor que me cega.

5.5.08

Deixe-se acreditar


Não tenho palavras para descrever como foi o show do Mombojó. Sem dúvida a melhor noite do ano. Indescritível. Resenha do show aqui


30.4.08

Pra ninguém botar defeito! (só falta o dinheiro!)

Pra você que como eu achava que esse dia nunca iria chegar, roeu as unhas, marcou os dias no calendário, arranjou louça pra lavar e passar o tempo, eis que finalmente o dia se aproxima. O Mombojó volta ao Rio para uma única apresentação no tão acolhedor Circo Voador. Como se não bastasse, o grupo contará com a participação de ninguém menos que o ilustre China. Lembro de como conheci o trabalho do cara, uns anos atrás com uma amiga que já nem tenho tanto contato, mas que me apresentou bandas que curto até hoje como Mundo Livre S/A, Nervoso e claro, o próprio China.
A novidade pra quem não sabe é que o China deverá tocar junto com o Mombojó, formando assim o projeto Del Rey, que se apresenta tocando músicas do Roberto Carlos. Isso mesmo! Ouvir os classícos do Robertão fará com que a apresentação termine com chave de ouro!

Por isso anotem aí e compareçam na noite mais feliz do ano. Dia 3 de maio, por uma bagatela de 15 reais a meia. A Lapa se transformará no grande Reino Da Alegria. Promovendo uma noite inesquecível para aqueles que lá se encontram.

E o nosso encontro já está marcado.


*
Outra dica muito batuta pra quem gosta de teatro e não é pobre como eu, é a peça do clássico romance de Franz Kafka, O Processo. Em cartaz no Teatro Maison de France e com direção de José Henrique, a peça está em cartaz de quinta a domingo com preços que variam entre 40 e 50 reais a inteira. Uma ótima oportunidade. Quem puder ir por favor vá e me conte depois.



*

SOUL, BABY, SOUL

E como ninguém é de ferro, pra quem sente falta do tempo da calça boca de sino e do cabelo black-power. Dia 10 de maio rola a tão esperada próxima edição da SOUL, BABY, SOUL. Antigamente realizada na Gafieira Elite, a festa que agora acontece no Cine Lapa, sofre protestos de um público antigo que reclama dos bons tempos de outrora, mas não é pra ninguém ficar desanimado. A festa continua fiel ao seu público e ninguém bota defeito. O set list com o que há de melhor na soul music está a um click do mouse. É só clicar e curtir o som!


como diria o Negão: ALL THE POWER TO THE PEOPLE!

29.4.08

beatnik

Vai parecer idiotice se eu disser que ando pensando em Sal Paradise, protagonista e alter-ego de Kerouac. Juro que tudo que eu queria era que houvesse um Sal nessas noites perdidas. Um Sal que me olhasse com seus olhos turvos, o cheiro de álcool saindo por todos os poros e me convidasse para uma noite com jazz, bebidas e cigarros. Melhor, me convidasse para ir ao México com alguns trocados no bolso.

Essa rotina ainda vai me consumir.

28.4.08

Meu,

só agora fiquei sabendo que Rufus Wainwright vai tocar ali, na sala Cecília Meireles no próximo dia sete!
Por um momento tive o vislumbre de um sete de maio diferente de todos os que eu já tive, até ver o preço do ingresso. Broxei na hora.
Pior do que ser fã de cantores que nunca vem ao Brasil é saber que eles tocarão ali pertinho e você não ter dinheiro.
A vida é injusta.

25.4.08

Metamorfoseando

Não sei se foi porque peguei no sono ontem à noite lendo Kafka, mas acordei me sentindo desconfortável. Sabia que eu precisava levantar e fazer toda a tarefa desagradável, enfadonha e necessária de cada dia. Mas não conseguia. Meu corpo parecia se negar a responder. E eu fiquei ali parada na cama sentindo o tempo passar por cima de mim. Até o inevitável, até o cair da cama com o baque seco.

O dia foi difícil então, passou arrastando e deixou meus olhos ainda mais negros. O tempo todo a sensação estranha me perseguindo e a agonia crescente. Senti medo de me olhar no espelho e perceber que não sou quem eu penso ser. Dias estranhos.

Ao menos posso riscar um item da minha lista. Conto com duas companhias incríveis neste fim de semana: Simone de Beauvoir e Kafka. Estarei muito bem acompanhada.

24.4.08

keeping things clean doesn’t change anything

Lá vem. Eu tô sentindo. Aquela quietude estranha não ia durar muito tempo. Comigo as coisas nunca duram em nenhum aspecto, até mesmo as minhas maiores vontades desaparecem após algum tempo, mas levam um pouco de mim com ela e deixa o rastro e os cacos do que quebrou espalhados pela casa e pela minha alma. Fica só aquela sensação de que está tudo uma bagunça e tento me organizar em vão. Arrumo a estante e tento colocar as coisas em ordem, de repente colocar os livros em ordem alfabética, mas não, não ficou nada bom e nem vai ficar. Aqui dentro continua uma bagunça. A quietude passa e quando eu menos espero, sem que eu possa pegar ar antes mergulho de cabeça. E vem o misto de prazer e desespero, uma vontade de sair e ao mesmo tempo de ficar. Uma indecisão eterna que sou eu e sem a qual não sei viver.

Eu só estou tentando colocar minha vida nos eixos, arrumando a pilha de cds na estante. Acreditando que de alguma forma isso vá fazer com que eu ignore a bagunça que está dentro de mim.

22.4.08

Bovary, c'est moi!

Preciso assistir mais filmes, eu poderia tirar férias e passar dias inteiros só assistindo filmes, um atrás do outro. Existem tantos que gostaria de assistir, tantos que eu deveria, mas nunca ouvi falar e eu fico aqui numa mistura de ressaca e gripe, tentando me organizar e começar a estudar para todos os seminários e provas que tenho semana que vem.
Será que vai existir um dia onde finalmente eu vou aprender a parar de procastinar e fazer o que eu tenho que fazer?


Preciso ler mais livros também, mas pra isso precisava de dinheiro e tá aí uma coisa que nunca tenho. Até agora a faculdade tem consumido meu tempo com leitura de livros sobre estudos da língua que não deixam de ser interessantes, mas convenhamos que eu preferia ler Kafka. Num recente sorteio para um seminário, eu tive a sorte ou talvez azar de tirar o livro que li nessa mesma época ano passado: Madame Bovary. Acho que no atual momento em que me encontro, ler sobre a Emma Bovary será um pouco angustiante. É que eu, assim como Flaubert e tantas outras pessoas, acho que tenho muito da Bovary em mim. Isso de estar sempre lendo romances e buscando sempre ser quem não era, chocando uma sociedade ainda tão antiquada a ponto de não perceber o quão normal Bovary era com seus desejos e anseios. Eu a entendo tanto, que chego a me angustiar quando ela deixa que as emoções aflore e assume os riscos de se ter uma vida paralela àquela que apresenta a sociedade. Acho que ali está uma mulher como muitas das que existem hoje em dia, que atribuem suas buscas incessantes em outros homens como uma tentativa de se manter viva e de sair da rotina que tanto lhe consome.

21.4.08

Alívio

Eu confesso que é um alívio ter saído desse inferno astral que estava a minha vida. Não sentia vontade de escrever porque só tinha episódios de bebedeira e tristeza. Mas agora tá tudo superado, tem shows bons vindo por aí. Tem muitos amigos indo, outros vindo. É a vida que continua independente da nossa vontade de poder parar no tempo e ficar reclusa em nossa dor. Tive que ir levando do jeito que dava, empurrando os dias com a barriga, sem dar ouvidos a tudo o que minha cabeça doentia dizia. E assim eu consegui, depois de muio auto-controle superar tudo aquilo que estava me fazendo mal. Me livrar de todas as pessoas e coisas que de algum jeito estavam me destruindo. Agora eu posso dizer com todas as letras que eu sou uma pessoa livre. Me libertei. Estou vivendo pra mim, pensando em mim, cuidando de mim sem me importar com quem quer que seja. E estou muito melhor assim.

8.3.08

Escuta aí

Guillemots na versão bacana da Blogoteque.





I love you through sparks and shining dragons, i do,
now there's poetry, in an empty coke can.
I love you through sparks and shining dragons, i do,
now there's majesty, in a burnt out caravan.

you got me off the paper round, just sprang out of the air,
the best things come from nowhere,
i love you, i don't think you care.

i love you through sparks and shining dragons, i do,
and the symmetry in your northern grin
I love you through sparks and shining dragons, i do,
i can see myself in the refill litter bin.

you got me off the sofa, just sprang out of the air, the best things come from nowhere, i can't believe you care

6.3.08

simata

Faço votos para que o show do Bob Dylan seja uma merda, numa tentativa inútil de me enganar.

5.3.08

Diliça

Só o Ewan Mcgregor usa kilt sem parecer ridículo.



Ah, ocês viram só como o blog tá personalizado? Agradecimentos para Tina! O talento dela dá pra conferir aqui.

3.3.08

The times we had

Beirut é mais uma daquelas bandas poéticas com dois discos já lançados, o excêntrico Gulag Orkestar e o ótimo Lon Gisland. Formada pelo vocalista americano Zach Condon de 22 anos, a banda consegue combinar elementos do leste europeu e folk em suas músicas, o que a deixa muito mais interessante e indefinida. O vídeo escolhido foi Postcards from Italy que não é exatamente o vídeo mais bonito deles, mas mostra o quão diferente é o som dos caras, além de ser minha música preferida.



Mais sobre a banda no myspace.

25.2.08

Tá bom

Daí que eu super desencanei das minhas paranóias, eu tento demonstrar o máximo possível o quanto eu gosto das pessoas ao meu redor, mas se o que eu recebo em troca é arrogância, então não reclame quando eu desistir e simplesmente passar a te tratar como se você fosse mais um.
Porque sério, eu não tenho paciência pra esse tipo de coisa. Se eu gosto, eu gosto mesmo, eu vou lá e digo pro mundo todo, mas se eu cansar de você, te reduzo a nada e acho que em breve você vai deixar de existir pra mim.

Passar o fim de semana em Friburgo sempre me deixa morta de saudades do caos da minha cidade, mas dessa vez eu queria ter continuado por lá. Foi tão bom ficar longe de tudo com as pessoas que realmente importam pra mim que eu poderia ter passado o resto do mês no sítio. Mas tudo que é bom, dura pouco.

E eu estava de puta bom humor até agora, quando lembrei que perdi o meu livro do Leminski. Saco.

17.2.08

in this hole

Eu juro que ao ver algumas poucas cenas do filme Nome Próprio no blog da Clarah Averbuck, eu senti meu coração acelerar. Não que eu tenha vivido todas as experiências dela or something, mas acho que a intensidade e todos aqueles palavrões e bebidas se identificam tanto comigo e alguns momentos da minha vida que eu pensei. Merda, eu sou uma pessoa fodida. Não tem jeito. Vou ser assim pra sempre.

Fo-di-da.

15.2.08

Diet Shake

Às vezes, eu acho que a minha vida seria totalmente diferente se eu fosse mais magra. Certeza.

13.2.08

Rascunho

Toda vez que eu tento escrever que estou bem aqui eu páro na segunda linha e o resultado disso é a quantidade de rascunhos que começam com "eu estou bem". Eu meio que escrevo isso o tempo todo pra tentar acreditar que é verdade. Quando eu mais sinto vontade de gritar é a hora menos apropriada possível. Então eu fico calada ouvindo músicas e encontrando mensagens subliminares em todas elas. Em uma você está se declarando, na outra a gente tá tendo a nossa primeira briga e na seguinte a gente está fazendo as pazes. De repente, eu me dou conta de que não é assim e vou me distrair com alguma coisa, um jogo de cartas, um telefonema (mesmo que eu odeie telefonemas), qualquer coisa que não me leve a pensar. Eu não me entendo. Eu não entendo as ligações perdidas no celular, eu não entendo minha paranóia, muito menos a sua. Eu não entendo nada e só queria ficar um minuto em silêncio quietinha pensando em nada. Olhando para o céu azul que fez hoje depois de tantos dias nublados.

12.2.08

Luz e Sombra

Não, você não me entende. Sei que você não me entende porque não estou conseguindo ser suficientemente claro, e por não ser suficientemente claro, além de você não me entender, não conseguirei dar ordem a nada disso. Portanto não haverá sentido, portanto não haverá depois. Antes que me faça entender, se é que conseguirei, queria pelo menos que você compreendesse antes, antes de qualquer palavra, apague tudo, faz de conta que começamos agora, neste segundo e nesta próxima frase que direi.

Morangos Mofados - Caio Fernando Abreu

10.2.08

Uma descoberta


Você acreditaria em mim, se eu te dissesse que uma menina de rosto meigo e que possui apenas 15 anos chamada Mallu Magalhães compõe, toca e canta em suas músicas, fazendo um som tão bom que já caiu nas graças do público na internet com sua interpretação perfeita de músicas de artistas como Johnny Cash e Belle and Sebastian?

Pois se não acredita, dedique três minutos do seu dia para conhecer o trabalho dela no myspace. É de ficar embasbacado. Acho que Mallu é uma mistura perfeita de Ben Kweller e Camera Obscura com uma pitada de Chan Marshall. Falando assim parece não fazer sentido, mas só ouvindo pra entender! Tenho certeza que estamos diante de uma menina que em breve estará fazendo grandes turnês pelo Brasil, ou quem sabe até pelo mundo!

9.2.08

She brakes my heart with this song.

Chan Marshall, sempre ela.

Obrigada, Richie.

8.2.08

Éramos

Eu já fui uma pessoa melhor.
Você também já foi.
Agora somos só o que sobrou de nós dois.

4.2.08

Alalaôô

Carnaval com chuva e gripe. Nem sendo muito pessimista eu imaginaria uma coisa dessas. Agora sou eu e meus antibióticos que não fazem efeito porque eu peso a mão na bebida e chego todos os dias em casa guiada pelo o que eu chamaria de anjo da guarda. Porque meu, sério, andar pelo Centro às quatro da manhã debaixo de uma chuva torrencial e chegar viva em casa não é pra qualquer um.

Hoje, segunda de carnaval, como realmente o tempo está uma merda e eu não tenho dinheiro nem disposição pra sair, vou ficar aqui em casa lendo Trópico de Capricórnio, livro que comprei num sebo semana passada. O Henry Miller realmente é muito bom, escreve de um modo alucinado, as idéias correndo soltas. Parece que ele fumou um baseado antes de escrever. Um barato, tem um monte de trechos que eu gostaria de citar. Mas a preguiça nao deixa.

Falando sobre shows agora, eu estou muito frustada com o lance do show do Bob Dylan. Tudo bem que eu imaginava que fosse caro, mas TÃO caro assim? Se eu tivesse até pagava, pagava mil reais se pudesse, mas não tenho. Eu tenho cin-quen-ta reais e é tudo o que me resta. E se o Bob Dylan decide que só quem vai assistir os shows dele é gente com grana e que os fãs pobres tem mais é que se foder, não sou eu que vou discutir! Eu continuo idolatrando do meu jeito, no ponto de ônibus ouvindo no iPod e é isso. Os cinquentas reais eu uso pra ir no show do Interpol e está resolvido o problema.

Antes que eu encerre o post uma dica: o novo cd da Cat Power, o Jukebox, é o melhor cd dela na minha opinião. Tem cover de Frank Sinatra, Bob Dylan (ela é fã de carteirinha do cara), além de uma versão linda de Metal Heart que é de sua própria autoria. Indico pra quem ainda tem dúvidas sobre o talento da diva (pra mim é diva).

Beijos e de volta ao edredon.

27.1.08

I'm not there.



Contando os dias para assistir.

20.1.08

Duas ótimas dicas

Uma banda sueca muito fófis que eu conheci através do André Takeda, chamada Lacrosse.



E o outro é um cantor chamado Patrick Cleandenim, baixei o cd do cara essa semana e não consigo parar de escutar. Muito bom.



Agradecimentos ao Andy.

18.1.08

me erra

Daí que eu finalmente entrei na dieta e voltei a fazer exercícios, justo agora que já é praticamente carnaval e não dá mais tempo de ficar magra. Beleza, vamos pensar nos planos futuros: ficar magra e aprender a ficar sozinha numa boa sem achar que sou a pior pessoa do mundo porque sou a única sem namorado. Porra, eu me sinto como a Clarah Averbuck às vezes. Eu acho que não sei mais como essas coisas acontecem. Essa história de romance pra mim é lenda. Sei o que é sentir vontade, mas não faço a menor idéia de como é esse lance de se apaixonar. Diz aí vocês que sabem! Rola borboleta no estômago mesmo? Cansei de ficar mal por causa de homem filho-da-puta. Vão todos se fuder. Eu quero ficar sozinha porra, eu estou bem assim, só eu e minha solidão, ouvindo Velvet Underground o dia in-tei-ro e pensando que eu queria ter o telefone do Lou Reed, tipo assim, ligar pro cara e dizer que eu ouço mil vezes "Pale Blue Eyes" e que essa música significa coisa pra burro pra mim. Parece até que ele sabia. Se bem que no fundo ele sabe, ele tem que saber porra!

but mostly you just make me mad.

Nhé

Estou mantendo a dignidade. É sexta-feira e cá estou eu em casa. Desta vez não estou dando cabeçada na parede, estou em casa porque quero. Juro. Acho que a velha Andressa está voltando. Eu dispensei a cerveja gelada pra ficar em casa lendo no conforto da minha cama. O livro não era exatamente o que eu queria, mas me disseram que é ótimo (não sei se isso conta alguma coisa), além do mais, eu não tenho outro livro pra ler, então vai ter que ser esse mesmo.

Você com certeza já ouviu falar sobre, já leu algo sobre ele no Prosa&Verso, ou pelo menos já o viu a venda em alguma livraria. Como pretendo começar a ler daqui a pouco, ainda não tenho nenhuma impressão sobre o mesmo. Se é bom ou ruim eu vou ter que descobrir.

16.1.08

Já virou ídolo!

Gente, eu tive de postar aqui o melhor vídeo que eu já vi. Um garoto de 16 anos que montou uma festa para 500 pessoas enquanto os pais estavam fora. A festa saiu de controle e os vizinhos chamaram a polícia, mas os convidados quebraram tudo e deram um prejuízo de 20.000 dólares. Não estou brincando! Isso não é filme, é vida real! Assistam a entrevista e reparem no look do cara! Virou ídolo! Sou fã!

A melhor parte é no final, quando a repórter pergunta o que ele diria para um jovem que esteja pensando em dar uma festa enquanto os pais estão fora e ele responde: Me chamem que eu faço pra vocês!
Gente, priceless.

Nota:

Se eu tiver filho um dia, o nome dele será John.

14.1.08

Chiquita Banana

Começou a temporada de gringos no Rio de Janeiro. Impressionante, você vai na Lapa e o que tem de gente sem melanina não dá pra contar. Os mais bonitos ou são viados ou namoram uma baranga brasileira (tanta mulher bonita, eles sempre estão com as piores). E as havaianas no pé sujo? Gente, alguém avisa que a Lapa é i-m-u-n-d-a e que fazer estilo com sandália só na europa mesmo porque aqui o máximo que você consegue é ficar parecendo um hippie.
E que história é essa de todo mundo (eu disse to-do mun-do) tratar gringo como se fossem a família real britânica? Onde um gringo está sempre tem trocentas mulheres (aka biscates) em volta que dão em cima com aquele inglês maravilhoooooso. E os gringos tadinhos, tão emocionados com a recepção calorosa, pagando caipirinha pra todo mundo. Caipirinha de oito reais gente, porque turista sempre se fode paga tudo em dobro.

E já que estamos falando disso, por que não terminar o post com uma foto do homem-que-pedi-a-Deus? Tipo que olhei e fiquei apaixonada. Esse eu pedia em casamento ajoelhada e tudo.


british guys do it better!

13.1.08

Olha,

quem eu estou tentando enganar?

Tá doendo e eu to aqui tentando disfarçar. Colocando um sorriso no rosto e tentando pensar que eu tenho muitas coisas boas na minha vida.

Mas é difícil.



you dont mean it but it hurts like hell

10.1.08

Abobrinhas

Gente, alguém me diz onde que desliga? Tá um calor dos infernos na rua, sério. Não tem como não ficar suada. Tá parecendo o Senegal. Eu estou pensando seriamente em passar o resto das férias lá em Friburgo, porque lá o calor não é grudento e nem tem pessoas fedidas em volta. Aliás, quase não tem pessoas, no inverno a gente entende porque faz 9º graus e fica ruim pra sair pro barzinho (menos pra mim, claro). Mas lá não, mesmo com esse calor o povo fica trancado em casa. Friburgo é a terra do nunca: nunca acontece nada.


Mas eu vim aqui dizer que eu fui no médico. Porque né? Eu engordei pra burro em poucos meses e até brinquei que estava grávida (meu pai quase teve um infarto), mas a parada era chopp mesmo. Aí fui num médico e agora vou ter que largar a bebida, fazer exercícios e tomar remédios pra combater minha ansiedade crônica. É, tem gente que é ansiosa, eu não, eu sou a Miss Ansiedade, prazer.


Agora, fora o calor e meus cinco quilos a mais (gordaaaaa), está tudo indo muito bem. Finalmente saiu a data em que irei pra SP, tem shows muito bacanas por aqui, o carnaval está chegando e sou praeira, sou guerreira, tô solteira, quero mais o queeeeee? Bem no estilo Chiclete com Banana! *risos*


Ah esse post está uma merda. Quando eu bebia nunca escrevia aqui, agora que estou sóbria e com tempo livre vou voltar a escrever coisa inútil pra ninguém ler. Vivaaaaa!

9.1.08

Eu gosto mesmo é de vida real

Bossa Nostra
(Nação Zumbi)

Ninguem quer saber
O gosto do sangue
Mas o vermelho
Ainda é a cor que incita a fome
Depende da hora e da cor
Depende da hora,
Da hora, da cor e do cheiro
Cada cor tem o seu cheiro
Cada hora lança sua dor
E dessa insustentavel leveza de ser
Eu gosto mesmo é de vida real
Eu levei
Minha alma pra passear
Eu levei
Minha alma pra passear
Não me distancio muito de mim
E quando saio nao vou longe
fico sempre por perto
Depende da hora e da cor
Depende da hora,
Da hora, da cor e do cheiro
Cada cor tem o seu cheiro
Cada hora lança sua dor
E dessa insustentavel leveza de ser
Eu gosto mesmo é de vida real
Eu levei
Minha alma pra passear
Eu levei
Minha alma pra passear


7.1.08

Você sabe que está entediada quando:


1) posta mais de uma vez no blog
2) pega a trilogia de O Senhor dos Anéis para ler, coisa que só tive coragem pra fazer aos 13 anos, e termina a primeira parte "A Sociedade do Anel" em dois dias.
3) joga paciência

E depois ainda me perguntam porque eu bebo. Já dizia a célebre frase:

“Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom, bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça alguma coisa.”

- Bukowski

Grande Bukowski, esse sabia das coisas.

Tédio em dia chuvoso

Aí que finalmente choveu depois do que me pareceu semanas de calor insuportável e eu resolvi ouvir do cd do Coldplay porque né? Eu comprei o cd "XandY" assim que chegou no Brasil como boa fã devota que sou, mas eu achei o cd chato e deixei pegando pó na prateleira e só escutava os dois primeiros. Mas aí vou confessar, hoje escutei o cd todo e achei bom, bom pra burro. Uma parada (eu usei mesmo a palavra "parada"?) meio viajante.
Isso me leva a seguinte conclusão: qualquer banda é boa se vocês estiver na vibe correta. (eu disse "vibe"?)
Então me responda: em que espécie de "clima" eu estou se só escuto Gilberto Gil e Blind Melon? Será que está rolando uma vibe (de novo?) maconheira por aqui? Mas se quer saber, se estiver eu não reclamo.

4.1.08

Rehab

[editado]

*

Pra esse post não ser totalmente inútil, eu deixo uma dica excelente que com certeza vai valer a sua visita a este pseudo-blog quase abandonado.



Conheci o trabalho da cantora Roberta Sá recentemente através do seu segundo cd chamado "Que Belo Estranho Dia Para se Ter Alegria"e não consigo parar de escutar. Ouvir a voz doce de Roberta é quase como um alívio pra minha alma (clichê dito deste jeito eu sei). Procurando informações sobre a cantora descobri que a mesma já participara do programa Fama, aquele reality-shows com futuros cantores. Como eu nunca assisti esse programa eu jamais lembraria dela o que é mesmo uma pena, pois poderia tê-la conhecido muito antes. Então, gaste 2 minutos do seu dia pra entrar no site e ouvir o cd da linda moça.